Captação de Dados na Logística: o ramo que cresce cada vez mais!
Há alguns anos, os carros passaram a ser hubs de captação de dados sobre o comportamento dos condutores e eficiência dos veículos.
Hoje, as montadoras contam com esse tipo de informação para, entre outras coisas, criar um sistema mais preciso de cálculo de serviços de manutenção.
E nessa esfera, as montadoras de caminhões têm sido referência pela infinidade de quilômetros rodados por esses veículos todos os dias.
No Brasil, o transporte viário é o mais popular meio de entrega de produtos ao longo de toda a cadeia logística.
E cada dia mais esse sistema ganha novos desafios por conta do aumento das entregas de produtos que são vendidos na internet.
Nos Estados Unidos, país com o comércio eletrônico desenvolvido, a Amazon foi acusada pelo presidente Donald Trump de estar saturando o serviço público de correios.
Sinal do aumento das exigências sobre o sistema de Captação de Dados na Logística.
Nesse cenário, as montadoras têm criado uma inteligência logística capaz de transformar os sistemas público e privado de transporte de cargas e passageiros.
“Há alguns anos, começamos as iniciativas em torno da captação de dados (das viagens dos caminhões e ônibus).
Estamos passando por uma evolução para transformar esses dados em algo para além de informações sobre o trânsito, mas em produto que facilita a gestão de frotas”, aponta Gustavo Andrade, gerente de Portfólio de Serviços da Scania no Brasil.
Enquanto o carro para, em média, uma vez por ano para revisão, caminhões têm entre quatro e seis paradas por ano.
Segundo Andrade, com a telemetria, a necessidade de parar o veículo para manutenção pode baixar para três vezes ao ano.
“Não é uma conta exata, mas é uma aproximação. A inteligência artificial e os sensores dos veículos vão dizer exatamente quando parar”, completa.
No caso de caminhões, Andrade estima que uma revisão chega a ter 70 itens de checagem, muito acima do automóvel de passeio.
Por isso, a utilização do histórico de rodagem e a comparação com o desempenho de outros caminhões pelo mundo é tão importante para as transportadoras, por exemplo.
“O caminhão não é bem de consumo como um carro de passeio. Ele está na estrada para nunca parar. A manutenção para a Scania é parte fundamental do business, muito mais que para as montadoras de carros leves”, detalha.
Por isso, a inteligência de dados tem sido usada para criar programas personalizados de manutenção dos veículos.
Entre 7 e 10% dos custos totais de operação das transportadoras no Brasil está relacionado à manutenção da sua frota.
A Scania espera que a telemetria tenha capacidade de reduzir esses gastos para os operadores de frota.
Dos 100 mil veículos da Scania nas ruas do Brasil, 20% disso é conectado e, portanto, rastreável.
O que mostra um potencial enorme de inteligência de dados e engenharia de trânsito.
Nossos ônibus conversam com a malha viária e com as plataformas das estações por meio da internet das coisas”, explica.
No Brasil, Andrade afirma que a empresa está preparada para servir a outras indústrias, em especial, a de gerenciamento de risco e rastreamento.
“Na caixa preta dos nossos caminhões, temos uma saída de interface para interligação de dados com qualquer gerenciadora de riscos para identificar eventuais bloqueios do caminhão. A gente não cuida da parte de segurança patrimonial, mas temos total condição de dar acesso a essas empresas aos dados operacionais”, diz Andrade.
O sistema de conectividade da Scania permite que um caminhão que rode nas estradas do Brasil seja comparado a uma base de 380 mil veículos pelo mundo.
“Ao invés de oferecer uma manutenção periódica, como se faz no sistema antigo de revisão, eu consigo devolver uma inteligência onde, através de um algoritmo, o próprio caminhão vai dizer quando ele vai precisar para e o que será preciso trocar”, detalha.
“Com o uso da telemetria, 85% dos veículos tendem a aumentar o intervalo entre as manutenções. O cara que parava a cada 20 mil ou 30 mil quilômetros rodados, passa a rodar até os 50 mil”, completa.
No fim das contas, o aumento do tempo na estrada significa aumento da rentabilidade do negócio das transportadoras.
A telemetria permite saber detalhes mais refinados da condução, como exigência de freios, comportamento nas subidas e outros aspectos que influenciam diretamente na durabilidade das peças e do veículo como um todo.
Com isso, a montadora criou um serviço oferecidos a transportadoras que queiram identificar os melhores (e piores) condutores.
“A gente entrega ao gestor da frota um relatório de desempenho do motorista e cria um score para cada um”, explica.
Andrade garante que, na conta final, a posse e a utilização dos dados pela Scania garante melhores preços para o cliente.
Além disso, diminui a recorrência de caminhões paralisados por problemas mecânicos, que impactam diretamente na rentabilidade.
“Hoje, todos os nossos pontos Scania estão preparados para ligar para o cliente e agendar a manutenção, a nossa central entra em contato com 14 dias de antecedência (do prazo identificado pelo algoritmo para um possível problema na peça)”, destaca.
“A tendência é que os caminhões fiquem cada vez mais conectados e inteligentes e com isso não só passem informações, mas também recebam.
Será possível fazer uma atualização over the air (atualização dos softwares sem a necessidade de encostar a máquina).
Se eu tiver que fazer um udpate de software no motor ou na caixa de transmissão, não vou mais precisar que o caminhão vá até a concessionária. Vou conseguir fazer remotamente, onde ele estiver.”
Para Leoncini, a dinâmica de manutenção dos caminhões hoje está se aproximando das usadas em aviões, o sistema mais seguro de transporte do mundo.
A capacidade de predição que os caminhões têm hoje está diretamente relacionada à capacidade que de reunir dados.
Normalmente, um País de dimensão continental e que privilegia o transporte viário, como o Brasil, essa riqueza é enorme e pode alimentar a operação das montadoras.
“Com esses dados, avisamos o gestor da frota sobre quais falhas estão próximas e como ele deve proceder para evitar uma parada indevida.
Afinal, a gente já prepara o concessionário para receber aquele caminhão com mecânico e peças”, explica.
Por fim, as inovações que estão transformando os caminhões em um hub de dados e em um veículo mais seguro passam por soluções construídas fora das montadoras.
Leoncini afirma que a Mercedes-Benz se conscientizou de que “sozinha, ela não vai a lugar nenhum” e que, por isso, a empresa tem aproximado das startups de diversos setores.
“Nosso caminhão autônomo para colheita de cana, por exemplo, teve seu sistema de geolocalização desenvolvido por uma startup.
E se a gente fosse produzir essa tecnologia em casa, ia demorar de cinco a seis anos.
Conseguimos colocar na rua em um ano e meio”, detalha.
A priori, em maio, a Mercedes-Benz organizou uma expedição para o Vale do Silício com gestores de frota que trabalham com caminhões da marca.
A fim de conhecer mais a fundo o ecossistema de startups que estão trazendo soluções para o mercado de transporte.
“Nós também estamos explorando o ecossistema nacional para encontrar respostas para necessidades nossas e dos nossos clientes”, aponta o executivo.
“Em suma, o que posso dizer é que para muitas delas, a resposta não está dentro da Mercedes-Benz”, conclui.
Para varejistas, hiperpersonalização tem benefícios – e potenciais armadilhas A hiperpersonalização pode elevar a experiência do cliente 80% dos consumidores...